terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mindaugas ( fragmento)

Quando assim permaneces, olhando a escuridão,
então começas a pensar que não és nada
e que o homem é apenas um mísero grão de areia
no oceano da treva universal.
Pensa ele, talvez, saber qual é o fim do oceano
e o que há lá, além daquele limite,
onde o oceano se junta ao céu?


Eu vi, e não uma só vez, como caem as estrelas.
Observei como morrem os homens.
E não acontece nada! O oceano
é grande igual, é escuro igual.

Não somos certamente tão grandes como pensamos
e nem tão poderosos como julgamos.
Por que então é o homem feliz?
Por que motivo?
Talvez pelo que possui, agarra, toca, vê,
come, ama, escuta e sente?
Isso é felicidade, certo. E não pouca.
Mas, eis que chega a noite. E estás só.
E compreendes que tudo isso é somente tolice.
Que tudo isso em ti é como argila
e que não há coisa tão importante
para poder plasmar com ela a felicidade.
Maldita palavra! Quem a inventou?
Em que canto do coração nasceu,
tornando-se um desejo que o homem não pode aplacar jamais!


Justinas Marcinkevicius - Lituano/ tradução de Carlos Freire in Babel de Poemas

Sem comentários:

Enviar um comentário