sábado, 17 de julho de 2010

Caminhando


Onde vais tu perguntou o caminho ao caminhante?
Vou até aonde a Vida me levar.
E para onde te leva Vida?
Para o Momento, a simplicidade, o Viver a Vida Presente e entregue ao Instante.

Mas então o tempo, o que fazes tu com ele?
Escolhi saltar fora do tempo, pois ele me distrai de Viver intensamente o Momento.

E o que têm esse Momento?
Têm a Vida, a Alegria e por fim a Sabedoria sobre o tempo.

Sobre o Tempo?
Sim, o Momento sabe como lidar com o tempo, como Observar e como utilizar os pensamentos que nos projectam para fora do Momento. Isto porque o tempo não existe para Ser vivido, mas sim para ser compreendido.

Escolho Viver o Momento, pois é nele que a Vida se encontra, fora do tempo. Não procuro o resultado fora do Momento, mas sim dentro. Contemplo o sorriso de uma Criança, o brilho no Olhar de um adulto, o raio de Sol que me visita, tudo isto e muito mais, no Momento.

Não escolho o destino, nem tão pouco a meta, todos eles estão para fora do Presente. Não escolho a chegada nem mesmo o limite, escolho o Caminho Presente este sempre Momento, é nele que Vivo o instante Mágico, que é Viver fora do Tempo.

Porque a Vida é simplesmente o Sempre Aqui e Agora, mais uma vez o Momento, onde tudo acontece. Onde a Vida se auto reconhece.

O tempo é a roupa que escolho usar, o aroma que quero experimentar, sem apego deixo-o passar, fluir como uma pena solta ao vento que em mim me visita com o seu olhar. Mas é apenas isso um pensamento que eu posso ou não acreditar, em que posso ou não escolher apoiar.
Criando assim a Vida que em mim me permitiu sonhar, voar mais alto, e com isso abraçar, imaginar e concretizar, a Vida que em mim, a Vida que “Agora” acreditou em se manifestar.

Tempo ou Presença


Grande parte da Humanidade Vive em prol de uma régua, uma régua que estipula o tempo e com isso a importância atribuído ao mesmo.
Determinamos assim o pouco e o muito, o insuficiente e o suficiente, o diminuto e o bastante, tudo isto em base na régua intitulado como tempo.

A verdade é que o tempo quando classificado não serve o Momento Presente, ele o “Momento” pouco se importa com o tempo, classificações são domínio da mente, do tempo.

Um Pai pode viver grande parte da sua vida com o filho e nunca estar Presente, um esposo pode viver toda a sua Vida com a mulher e desconhecer o significado de estar Presente.
Podemos conviver com os colegas de trabalho durante anos e anos, e contudo estamos ausentes. No entanto teimamos em alegar que o tempo que estamos com eles é suficiente, que estar horas dias meses e mesmo anos, é sinónimo de qualidade e obrigação cumprida.

Estar com o próximo não significa estar Presente. Um Pai pode ver seu filho uma vez por semana, uma vez por mês ou mesmo uma vez por ano, e a sua Presença SER genuína, de entrega incondicional ao momento, uma Presença com um valor incalculável, onde interacção entre ambos é mágica e de um impacto profundo na evolução dos dois. Pois a Vida evoluí neste Momento, no Momento em que a Vida se cruza de forma Presente.
Por outro lado, o mesmo Pai pode viver toda a sua vida com o seu filho, e nunca estar Presente, sua postura sua posição é a de um actor que desempenha um papel físico, onde a Presença é apenas corporal, ele está lá fisicamente mas o seu pensamento, o seu sentimento e a sua atenção está algures no tempo.

Não classifiquemos a Presença. O Momento jamais pode Ser classificado, quanto muito lembrado, recordado, que estamos no “Aqui no Agora” Presentes de tudo que nos rodeia, entregando-nos assim ao encantamento do momento.

A Vida não é uma Obrigação onde classificamos como bom ou mau, correcto ou incorrecto, suficiente ou insuficiente, a Vida é simplesmente a forma pelo qual vivemos o momento, se Presente ou no tempo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Hildegard von Bingen

Hildegard von Bingen
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Pensadora, grande filósofa e teóloga, compositora, médica, botânica, Hildegarda foi autora de várias obras musicais de temática religiosa incluindo Ordo Virtutis, uma espécie de ópera que relata um diálogo de um grupo de freiras com Deus. Escreveu ainda dois dos únicos livros de medicina escritos na Europa no século XII. Fazia sermões públicos, que, além de atrair pela riqueza de conteúdo o povo de sua época, atraia multidões pelo carisma e pela grande beleza física que possuia, como podemos ver pelas iluminuras que a representam e pelos relatos sobre ela. Mistica, foi por várias vezes entrevistada para por a prova suas visões e em todas foi considerada sã. Muitas vezes suas visões e as sensações eram difíceis de serem postas em palavras. Eram experiências que transcendiam o nosso modo convencional de perceber as coisas. Mas ela tinha de descrever suas experiências de alguma forma, sentia uma grande necessidade de comunicá-las. Por conta de sua coragem, Hildegard foi muito atacada por toda a sua vida. Mas o pior ainda viria no último ano de sua vida. Ela havia caridosamente enterrado um jovem revolucionário que havia sido excomungado, quebrando assim com uma das mais rígidas leis eclesiásticas da Igreja. Os bispos exigiram que ela exumasse o corpo, considerado indigno de repousar em terra santa. Ela recusou-se, dizendo que o jevem morrera em graça e em comunhão com Deus. Seu convento foi interditado e ela e suas irmãs foram proibidas de participarem da missa. Em 17 de setembro de 1179, Hildegard, ao 81 anos, sofreu um colapso; pouco antes de morrer, duas listas de luz surgiram no céu e adentraram em seu quarto. Hildegar foi, a partir de então, cultuada como uma mensageira de Deus entre os homens.

*fonte:O Misticismo e Os Grandes Místicos por Carlos Antonio Fragoso Guimarães
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De Santa Maria
Responsório


Ó como preciosa é
a virgindade desta Virgem,
que tem fechada a porta,
e cujas entranhas a santa Divindade
com seu calor inundou,
assim que nela cresceu a flor,
e o Filho de Deus
no secreto mistério dela
aurora resplandeceu.
.
Por isso o doce gérmen, seu próprio Filho,
através da clausura do seu ventre
o paraíso abriu.
E o Filho de Deus
no secreto mistério dela
aurora resplandeceu.


*Poema de Hildegarda de Bingen traduzido por J. Félix de Carvalho e José Tolentino Mendonça