sábado, 21 de novembro de 2009

São Francisco: Capítulo Final; Milagres



Milagres

A vida de Francisco foi ilustrada por numerosos milagres. Pães que abençoou curavam muitos doentes. Transformou água em vinho que devolveu a saúde a um doente e muitos outros.
Quando se aproximou de seu fim, enfraquecido por longa doença, pediu para ser colocado sobre a terra nua, chamou para junto de si todos os irmãos e fazendo a imposição das mãos abençoou-os e como na ceia do Senhor deu a cada um deles um pedaço de pão, convidando a todas as criaturas para louvar Deus. A morte, também era convidada a receber a sua hospitalidade, acolhida com carinho e dizendo-lhe: “ Seja bem-vinda, minha irmã morte”. Quando chegou a sua hora final, um frade viu a sua alma com forma de estrela, semelhante à lua em tamanho e ao sol em esplendor.

Uma mulher, que fora beata de Francisco morreu, e em torno de seu caixão fúnebre estavam clérigos e padres, quando de repente ela se ergueu e, chamando um dos sacerdotes, disse-lhe: “ Quero me confessar padre. Eu estava morta e destinada a permanecer em uma dura prisão porque ainda não confessara um pecado, mas São Francisco orou por mim, concedeu-me voltar a meu corpo a fim de que, depois de ter revelado esse pecado, possa obter a paz diante de todos vocês”. Então ela se confessou, recebeu a absolvição e depois adormeceu no Senhor.

Um pobre devia certa soma de dinheiro a um rico, a quem rogou, por amor de São Francisco, que prorrogasse o prazo. O rico respondeu com soberba: “ Eu o prenderei em um lugar onde São Francisco nem ninguém poderá ajudá-lo “. E imediatamente mandou acorrentar e trancar aquele homem em uma prisão escura. Pouco depois, São Francisco apareceu, quebrou as portas do cárcere, rompeu as correntes que prendiam o homem e reconduziu-o incólume para casa.

Um cavaleiro que zombava das obras de São Francisco e de seus milagres, certo dia estava jogando dados quando cheio de loucura e incredulidade, disse aos assistentes: “ Se Francisco é santo, que venha um lance de 18”. Imediatamente os três dados caíram no número seis, e isso em nove lances seguidos. Contudo cada vez mais insensato, ele disse: “ Se é verdade que é santo, que hoje meu corpo caia varado por uma espada, se não é santo, que eu saia incólume”. Quando o jogo acabou, para agravar a prece, insultou o seu sobrinho, que enfiou uma espada nas vísceras do tio e o matou no mesmo instante.

Um homem tinha a perna tão doente que não podia fazer nenhum movimento, e invocou São Francisco: “ Ajude-me, São Francisco, agora que morro nos mais atrozes tormentos lembre-se de minha devoção por você e dos serviços que lhe prestei, carregando-o em meu asno, beijando seus santos pés e mãos”. Imediatamente o santo apareceu com um pequeno cajado em forma de tau, tocou o lugar dolorido e estourou um abcesso. Assim ele ficou curado, mas a marca do tau permaneceu sempre naquele lugar. Era com essa letra que São Francisco costumava assinar suas cartas.

Em Castro Pomereto, nas montanhas da Apúlia, uma jovem, filha única, morreu. Sua mãe, devota de São Francisco, ficou absorta em profunda tristeza e ele apareceu: “ Não chore, pois a luz de sua luminária, que você lamenta como se estivesse apagada, lhe será devolvida por minha intercessão”. A mãe recuperou a confiança, e invocando o nome de São Francisco não deixou levar o corpo da filha morta, que se levantou incólume.

Em Roma, um menino caiu da janela de um palácio e morreu imediatamente. O bem-aventurado Francisco foi invocado e o menino devolvido à vida em seguida. Na cidade de Sezza, ao desabar, uma casa esmagou um jovem; seu cadáver já estava no caixão para ser sepultado, quando a mãe invocou o beato Francisco com toda a devoção de que era capaz e por volta da meia-noite o filho bocejou, depois se levantou curado e prorrompeu em palavras de louvor.

O frade Tiago de Rieti atravessara um rio em um bote com outros irmãos, que já haviam descido na margem, e quando ele próprio se preparava para sair, o barco virou e ele caiu no fundo do rio. Os frades puseram-se a invocar o bem-aventurado Francisco pela salvação do afogado, que também implorava de todo coração, como podia, o socorro do beato Francisco. Graças a isso o frade andou no fundo da água como se estivesse em terra firme, apanhou o bote submerso e foi com ele para a margem. Suas vestes sequer ficaram molhadas e nenhuma gota atingiu a sua túnica.


Fonte: Legenda Áurea, Jacopo de Varazze

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