terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aquele que olhou para si mesmo e descobriu-se


Onde vais? Perguntou o cozinheiro ao empregado de mesa.

Um pouco cansado, João respondeu:

Vou pausar e fumar um cigarro, já são poucos os clientes que estão na sala.



Dirigiu-se ás traseiras do restaurante abriu a porta dos fundos e sentou-se nas caixas de fruta que lá se encontravam.

Ainda antes acender o cigarro olhou para o céu e contemplou as poucas estrelas que ali se encontravam. Suspirou e disse:

Que Vida esta! Estou sempre aqui, e por vezes esqueço-me que estou aqui. Estranho! Por vezes sinto, que não vivo, é como se me esquece-se de mim.

O momento de simplicidade e cumplicidade entre mim e tudo o que me rodeia parece por vezes tão distante, que esqueço a minha Presença neste mundo no qual vivo e experimento a Vida. Onde estou "EU"? O que ando eu a fazer? Será possível que quem sou, não saiba quem sou?



Ainda confuso com as questões que colocara a si mesmo. Lembrou-se o que dissera antes.

..."Estou sempre aqui, e por vezes esqueço-me que estou aqui"...



Pois! Só pode ser isso, esqueço-me de mim. Um esquecimento, algo semelhante a um sonho, onde eu vivo adormecido para comigo próprio. Vejo a vida ao meu redor, vivo em função do meu exterior, das tarefas, das obrigações e responsabilidades que encontro. Incluo tudo isto na minha vida, excepto talvez o mais importante "EU".



Naquele momento a Vida parou, a pequena brisa que o acariciava a lua e o canto de um Mocho conduziram-no á simples Presença de se incluir a si mesmo no momento.

Foi então que subiu á estrela mais alta, de forma a puder contemplar e olhar para si, um olhar tenro meigo e inocente, de quem não teve medo de olhar para a Vida como ela "É". Uma Observação que nada exclui e tudo inclui.

Agora, nada estava de fora, nada estava separado, tudo fazia parte do todo incluindo a pequena estrela que o ajudara a tomar Consciência do todo.



Estupefacto com a simplicidade do momento, o "EU" tornara-se o todo, vislumbrando o todo. Uma tomada de Consciência simples e natural, que olha observa e contempla a personagem e o filme em simultâneo. Que vê não com os olhos físicos mas com a Consciência que é o Todo olhando para si mesmo.

Suas palavras fluíam de forma espontânea:

Quando Observo a Vida, quando Observo o todo, incluindo quem eu julgava apenas SER, vejo que o esquecimento era apenas isso um esquecimento.

Que magia posso "EU" ter para mim? Uma vez que me reconheço no todo, que estou disposto a lembrar-me que sou o todo. Seu Coração bateu forte, e uma energia de luz pura se apoderou do seu corpo.



As seguintes palavras nasceram em si.

Viver em mim é viver em ti, ambos somos "UM". A Criação e o criador são faces da mesma moeda, nada se exclui e tudo se experimenta. A Magia que aqui questionas é a Criação, a Magia da evolução e da felicidade, que se encontra somente no Coração.

Um Coração que tudo aceita e nada julga, pois sabe que está julgando-se a si mesmo, auto criando-se a si mesmo.

Um Coração que nada ignora e que sabe que tudo têm um propósito, o de SER feliz com ele mesmo.

Um Coração que abraça a humildade a honestidade e por fim toda a sua Criação, transformando o mundo que vê no mundo que Vive.



Ao Seres Feliz... Viverás Feliz...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Viver sem problemas


Será possível viver sem problemas?

A resposta a esta pergunta reside no interior de cada um, uma resposta que requer humildade e honestidade para consigo mesmo.

Para existir um problema, têm necessariamente que existir um sujeito, pois um problema sem a presença de um sujeito não é problema. Para sabermos de facto se é possível viver sem problemas, temos primeiro de saber o que é um problema, e o que faz dele ser um problema, qual a raiz o porquê do mesmo.

Por norma a sociedade estipulou que um “problema” é a incapacidade que a pessoa sente face a uma situação que a seu ver têm de ser resolvida.
Por outro lado a incapacidade aqui mencionada resume-se á falta de controlo que temos sobre o problema em questão.

Fomos ensinados que a Vida é um palco onde o Homem tem de controlar a mesma, tudo em função e em prol dos objectivos por ele delineados.

Quando alegamos que existe algo de errado na nossa vida, quando afirmamos que temos um problema, de facto isso é verdade. Simplesmente porque você é a pessoa, que dita o que é ou não um Problema na sua Vida.
È você que tutela a gravidade e a importância que um assunto exterior a si têm ou não.
A falta de controlo, a incapacidade e falta de soluções para a resolução do problema conduzem o Homem muitas das vezes a um estado de desespero, angustia, preocupação e tristeza.

Todo o problema remete a uma ausência de solução que “Aparente.mente” no presente momento se encontra fora do nosso alcance.

Ora a Vida mostra-nos que a sua essência manifestada é de Mudança, que tudo nas nossas Vidas muda, tudo se transforma, nada permanece igual ou para o todo sempre. Dito isto o problema de hoje não será um problema amanhã.

A doença, a difícil situação financeira, os desentendimentos familiares matrimoniais e tudo mais que possamos alegar como um problema, têm um cariz efémero. Nada permanece.

O que aos nossos olhos são problemas, existem com um propósito maior, o de nos fazer ver que não controlamos a Vida, pois o “eu” que julga controlar a Vida foi ensinado e sente a necessidade de se ocupar no tempo de forma a conquistar e atingir os objectivos pretendidos.

Mas a Vida está a mostrar algo bem mais precioso e válido para a Vida que em si existe. O tempo, o momento Presente não existe para se ocupar controlar ou manipular, mas sim para Viver o Momento Presente e tudo que nele existe.
Para isso o Homem têm de acreditar na Vida que em si respira, têm de acreditar no invisível no espaço, no tempo, no vento, no riso de uma criança, nas cores das flores, no aroma do mar, enfim no Momento.

Esta tomada de Consciência, é uma rendição ao apego, ao controlo, e às preocupações. Muitos intitularam este forma de viver como fé, e de facto assim o é. Inicialmente o Homem têm lenta.mente de abdicar do controlo para se entregar á crença no vazio, no silêncio, na essência que lhe faz bater o Coração.
Ele não ignora o problema, a situação a ser resolvida, invés ele RECONHECE “Conscientemente” a “existência do problema” e a incapacidade nele de o resolver, assim e só assim a honestidade será admitida.
Quando assim é a Vida em si foi Honesta para com a Vida, não existe nada mais grandioso Majestoso e poderoso que a Vida honesta para com ela mesma, é neste processo que a Vida em si evolui.

É então que o tempo e a experiencia de quem escolheu acreditar na Vida, lhe revela a magia e os resultados. Resultados de quem confiou na Vida, uma Vida que a seu tempo tudo proporcionou para resolver ou explicar tal problema.

Tudo têm um fundamento incluindo aquilo que intitulamos como problema. Quando despertamos para o Momento, quando nos incluímos no Momento, como Vida que somos, descobrimos todo um Mundo Novo, um Mundo que provêm do nosso interior, é esse Mundo que a Vida está a mostrar a si mesma, a si a mim e a todos.

Somos nós que escrevemos a “nossa” Vida, a mente é de facto o lápis que escreve e que antecipa assim o momento.

Não devemos preocuparmo-nos com a Vida, e assim escrever um futuro preocupante com receios duvidas e fecho para com a vida, podemos sim abraçar a Vida, que a seu “tempo” nos abraça, tornando assim a sua fé em sabedoria.

O Mundo é um espelho que reflecte o seu interior…

sábado, 17 de julho de 2010

Caminhando


Onde vais tu perguntou o caminho ao caminhante?
Vou até aonde a Vida me levar.
E para onde te leva Vida?
Para o Momento, a simplicidade, o Viver a Vida Presente e entregue ao Instante.

Mas então o tempo, o que fazes tu com ele?
Escolhi saltar fora do tempo, pois ele me distrai de Viver intensamente o Momento.

E o que têm esse Momento?
Têm a Vida, a Alegria e por fim a Sabedoria sobre o tempo.

Sobre o Tempo?
Sim, o Momento sabe como lidar com o tempo, como Observar e como utilizar os pensamentos que nos projectam para fora do Momento. Isto porque o tempo não existe para Ser vivido, mas sim para ser compreendido.

Escolho Viver o Momento, pois é nele que a Vida se encontra, fora do tempo. Não procuro o resultado fora do Momento, mas sim dentro. Contemplo o sorriso de uma Criança, o brilho no Olhar de um adulto, o raio de Sol que me visita, tudo isto e muito mais, no Momento.

Não escolho o destino, nem tão pouco a meta, todos eles estão para fora do Presente. Não escolho a chegada nem mesmo o limite, escolho o Caminho Presente este sempre Momento, é nele que Vivo o instante Mágico, que é Viver fora do Tempo.

Porque a Vida é simplesmente o Sempre Aqui e Agora, mais uma vez o Momento, onde tudo acontece. Onde a Vida se auto reconhece.

O tempo é a roupa que escolho usar, o aroma que quero experimentar, sem apego deixo-o passar, fluir como uma pena solta ao vento que em mim me visita com o seu olhar. Mas é apenas isso um pensamento que eu posso ou não acreditar, em que posso ou não escolher apoiar.
Criando assim a Vida que em mim me permitiu sonhar, voar mais alto, e com isso abraçar, imaginar e concretizar, a Vida que em mim, a Vida que “Agora” acreditou em se manifestar.

Tempo ou Presença


Grande parte da Humanidade Vive em prol de uma régua, uma régua que estipula o tempo e com isso a importância atribuído ao mesmo.
Determinamos assim o pouco e o muito, o insuficiente e o suficiente, o diminuto e o bastante, tudo isto em base na régua intitulado como tempo.

A verdade é que o tempo quando classificado não serve o Momento Presente, ele o “Momento” pouco se importa com o tempo, classificações são domínio da mente, do tempo.

Um Pai pode viver grande parte da sua vida com o filho e nunca estar Presente, um esposo pode viver toda a sua Vida com a mulher e desconhecer o significado de estar Presente.
Podemos conviver com os colegas de trabalho durante anos e anos, e contudo estamos ausentes. No entanto teimamos em alegar que o tempo que estamos com eles é suficiente, que estar horas dias meses e mesmo anos, é sinónimo de qualidade e obrigação cumprida.

Estar com o próximo não significa estar Presente. Um Pai pode ver seu filho uma vez por semana, uma vez por mês ou mesmo uma vez por ano, e a sua Presença SER genuína, de entrega incondicional ao momento, uma Presença com um valor incalculável, onde interacção entre ambos é mágica e de um impacto profundo na evolução dos dois. Pois a Vida evoluí neste Momento, no Momento em que a Vida se cruza de forma Presente.
Por outro lado, o mesmo Pai pode viver toda a sua vida com o seu filho, e nunca estar Presente, sua postura sua posição é a de um actor que desempenha um papel físico, onde a Presença é apenas corporal, ele está lá fisicamente mas o seu pensamento, o seu sentimento e a sua atenção está algures no tempo.

Não classifiquemos a Presença. O Momento jamais pode Ser classificado, quanto muito lembrado, recordado, que estamos no “Aqui no Agora” Presentes de tudo que nos rodeia, entregando-nos assim ao encantamento do momento.

A Vida não é uma Obrigação onde classificamos como bom ou mau, correcto ou incorrecto, suficiente ou insuficiente, a Vida é simplesmente a forma pelo qual vivemos o momento, se Presente ou no tempo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Hildegard von Bingen

Hildegard von Bingen
.

Pensadora, grande filósofa e teóloga, compositora, médica, botânica, Hildegarda foi autora de várias obras musicais de temática religiosa incluindo Ordo Virtutis, uma espécie de ópera que relata um diálogo de um grupo de freiras com Deus. Escreveu ainda dois dos únicos livros de medicina escritos na Europa no século XII. Fazia sermões públicos, que, além de atrair pela riqueza de conteúdo o povo de sua época, atraia multidões pelo carisma e pela grande beleza física que possuia, como podemos ver pelas iluminuras que a representam e pelos relatos sobre ela. Mistica, foi por várias vezes entrevistada para por a prova suas visões e em todas foi considerada sã. Muitas vezes suas visões e as sensações eram difíceis de serem postas em palavras. Eram experiências que transcendiam o nosso modo convencional de perceber as coisas. Mas ela tinha de descrever suas experiências de alguma forma, sentia uma grande necessidade de comunicá-las. Por conta de sua coragem, Hildegard foi muito atacada por toda a sua vida. Mas o pior ainda viria no último ano de sua vida. Ela havia caridosamente enterrado um jovem revolucionário que havia sido excomungado, quebrando assim com uma das mais rígidas leis eclesiásticas da Igreja. Os bispos exigiram que ela exumasse o corpo, considerado indigno de repousar em terra santa. Ela recusou-se, dizendo que o jevem morrera em graça e em comunhão com Deus. Seu convento foi interditado e ela e suas irmãs foram proibidas de participarem da missa. Em 17 de setembro de 1179, Hildegard, ao 81 anos, sofreu um colapso; pouco antes de morrer, duas listas de luz surgiram no céu e adentraram em seu quarto. Hildegar foi, a partir de então, cultuada como uma mensageira de Deus entre os homens.

*fonte:O Misticismo e Os Grandes Místicos por Carlos Antonio Fragoso Guimarães
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De Santa Maria
Responsório


Ó como preciosa é
a virgindade desta Virgem,
que tem fechada a porta,
e cujas entranhas a santa Divindade
com seu calor inundou,
assim que nela cresceu a flor,
e o Filho de Deus
no secreto mistério dela
aurora resplandeceu.
.
Por isso o doce gérmen, seu próprio Filho,
através da clausura do seu ventre
o paraíso abriu.
E o Filho de Deus
no secreto mistério dela
aurora resplandeceu.


*Poema de Hildegarda de Bingen traduzido por J. Félix de Carvalho e José Tolentino Mendonça

sábado, 12 de junho de 2010

O Vento e o Homem


Onde vais tu?
Perguntou o Vento ao Homem

Vou realizar as minhas tarefas.

Que tarefas são essas que te distraem do momento?

São tarefas importantes, pois sou um homem ocupado e tenho responsabilidades para com a Vida.

Também eu tenho tarefas, o meu sopro a todos alcança, transporto sementes nas minhas asas, viajo por entre continentes montanhas e vales, acaricio os pobres e os ricos, dou frescura a todos aqueles que o sentem.
E no entanto Vivo em todo o momento, estou presente em todo o instante, vivo a magia do “EU sou” Vento.

O Homem baralhado pausou, e de seguida disse:
Sim, mas temos que nos preocupar em atingir os objectivos, tal como tu vento.

Em nada me preocupo, pois a minha voz é o meu sopro, quando faço, faço por gosto, assim é a Vida que em mim Vive o momento, o reencontro.

O reencontro? Perguntou Homem

Sim o reencontro comigo mesmo, a Vida e o momento são ambos UM. Um momento único exclusivo original e criativo o qual se dá o nome de reencontro.

Mas em nada me adianta esse reencontro, quando tenho fazeres a realizar. Disse o Homem

Esse reencontro é o reencontro contigo mesmo, é a alegria e a Liberdade de te puderes libertar. Libertar de um sonho que te distrai da Magia que é acordar~
Acordar para a Vida, a Vida que em ti em mim e em todos que está a sonhar. Pois eu Vento, sou tu e tu és EU, UM em toda esta manifestação divina que se está representar.

Acordar dentro do teu sonho, é acreditar que a Vida existe para se contemplar, para Viver a Magia do momento e com isso acreditar, acreditar em ti mesmo, no teu coração na felicidade que a Magia da Vida têm para te dar. É reconhecer que não sabes o dia de amanhã mas estás disposto em aceitar, que tudo acontece com um só objectivo o de te fazer acordar, acordar para o sonho que és tu que estás a sonhar. Deixares assim de te preocupar entregar o teu desassossego á Vida, seres humilde honesto e admitires á Vida que ela têm algo para te mostrar. E com isso dar espaço e tempo ao momento, de forma a que também tu possas contemplar.
Viver a Magia de Seres quem “ÉS” a Vida que agora em ti também sente vontade de despertar.

O Homem riu-se. O seu sorriso e o sorriso do vento se uniram e Jubilaram neste encontro que a Vida se lembrou de proporcionar.
De mãos dadas Viveram para sempre o momento a VIDA vivendo a VIDA...
O reencontro..
O despertar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A mente e o lanirinto


Em tempos a mente se perdeu.
Sem saber bem o que fazer tentou encontrar o caminho de volta.
Confuso, angustiado, por vezes triste a mente se encontrou muitas vezes encurralado.
Como se num labirinto se encontrasse, perdido e atrapalhado.
Foi então que pausou sobre si mesmo, e atento agora aos seus pensamentos conseguiu ver todo o fundamento.
O Labirinto que julgara estar, era criação sua um mero pensamento que optou por acreditar.
Incrível como podia a mente se ausentar, para isso bastava o acreditar que a Vida era algo mais que o momento onde tudo se está a realizar.
Pensado no passado ou no futuro a Vida distraiu-se da sua essência, o palco de toda a sua existência.

Só podes te encontrar no momento, e verás que a Vida é simples. Que a confusão e o sentimento de quem em tempos se perdeu, nasce apenas de um acreditar, que assim foi em tempos possível e com isso materializar.

Mas a Vida é mais… Muito mais que o materializar. É a Consciência que nos está neste momento a Observar, é o teu íntimo que na mente deixou de acreditar. Para agora reconhecer o espaço e a vontade que nasce de forma genuína, dentro do teu pulsar.

Viver Feliz, está em sair do Labirinto, que a mente em tempos assim desejou criar. Acreditar que a Vida é difícil, confusa e triste, é estar preso no labirinto que é acreditar, nessa mesma “realidade” que a Vida em si em mim e em todos um dia se lembrou criar.