sexta-feira, 16 de outubro de 2009

São Francisco: Os Estígmas - Capítulo III

Os estigmas de São Francisco de Assis, por Cimabue


Em uma visão, o escrevo de Deus viu acima dele um serafim crucificado que lhe imprimiu as marcas de sua crucificação de maneira tão evidente que parecia ter sido ele próprio o crucificado. Suas mãos, seus pés e seu flanco foram marcados com as feridas da cruz, mas com cuidado ele escondeu dos olhos todos os estigmas. Alguns, no entanto, viram-nos enquanto ele vivia, e após sua morte muitos puderam examiná-los. A existência real desses estigmas foi confirmada por muitos milagres, dos quais basta relatar dois, ocorridos depois de seu falecimento.
Na Apúlia, um homem chamado Rogério, que tinha sob os olhos a imagem de São Francisco, pôs-se a pensar: “ Será verdade que ele foi honrado com tão glorioso milagre, ou foi uma piedosa ilusão ou mesmo uma simulação intencional de seus irmãos?”. Enquanto remoia tais pensamentos, ouviu de repente um ruído semelhante ao de um dardo lançado por um balista e sentiu-se gravemente ferido na mão esquerda, mas apesar de não haver nenhum rasgo em sua luva, tirando-a descobriu na palma da mão uma profunda ferida como feita por uma flecha. Ela ardia tanto que parecia que ia desmaiar de dor e de ardor. Ele se arrependeu e testemunhou acreditar na realidade dos estigmas e dois dias depois orando para São Francisco, ficou curado.
No reino de Castela, um devoto de São Francisco foi atacado por engano por alguém que pretendia matar outra pessoa, e foi deixado semimorto. O cruel bandido enfiou depois a espada na sua garganta, e não conseguindo retirá-la, fugiu. Chegou gente de todo o lado, houve muitos gritos e ele foi chorado como sendo um homem morto. Quando à meia noite o sino dos frades soou para as matinas, sua mulher começou a gritar: “ Levante-se, meu senhor, vá às matinas que o sino chama”. Imediatamente o ferido ergueu a mão e pareceu fazer sinal a alguém para que tirasse a espada, que diante de todos foi jogada longe como se tivesse sido arrancada por um punho muito vigoroso. No mesmo instante o homem levantou-se perfeitamente curado dizendo: “ O bem-aventurado Francisco veio a mim e, colocando seus estigmas sobre minhas feridas, encheu cada uma delas de um bálsamo suave que as curou maravilhosamente. Como ele queria se retirar, eu lhe fazia sinal para arrancar a espada, porque não podia falar. Ele a tirou e com força, e logo curou completamente minha garganta passando seus estigmas sobre ela.”



Fonte: Legenda Áurea, Jacopo de Varazze

2 comentários:

  1. Nada a comentar, pois não tenho o direito de estragar um texto belíssimo, desta natureza.

    Tenho sentido falta de vocês no meus blogs.

    Um abração carioca

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  2. Paulo, obrigada pela gentileza do comentário. Paz e Bem!


    E um abraço carioca! Rsrsr

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